segunda-feira, 12 de julho de 2010

A SOCIEDADE PATRIARCAL: CRIANÇAS OS INOCENTES ADULTOS EM MINIATURA 1900-1910

Bom esse artigo é de minha autoria e tem como temática as crianças no período de 1900 a 1910 e como eos adultos os tratavam. vale a pena conferir!

A SOCIEDADE PATRIARCAL: CRIANÇAS OS INOCENTES ADULTOS EM MINIATURA 1900-1910¹

 
O modelo de Sociedade Patriarcal



“O retrato não me responde ele me fita e se contempla nos meus olhos empoeirados. E no cristal se multiplicam os parentes mortos vivos. Já não distinguo os que se foram dos que restaram. Percebo apenas a estranha ideia de família viajando através da carne”.³

Nesse momento a família brasileira, classificada como patriarcal,ou seja, uma família bem numerosa composta por mulheres, filhos, parentes, amigos, afilhados e até mesmo ex-escravos, mas que ainda nesse momento obedeciam ao patriarca, 'o chefe da família'.Para demonstrar essa relação de senhorio, Aroldo de Azevedo refere-se ao fazendeiro Ignácio Cochrane.Era o patriarca de um grupo de famílias.(...)Era o pai, o sogro, o avô;mas antes de tudo,o Amigo e o Conselheiro. Jamais alguem ousou desrespeitá-lo no lar ou fora dele.(...)Encarnava a sabedoria e ninguém dele se aproximava sem que, de imediato, se sentisse envolvido pela confiança que irradiava de sua marcante personalidade.”4

O patriarca tem suas características bem marcantes ao longo da história, por possui esse perfil de chefe e de detentor de poder ele consegue construir uma organização familiar tão sólida que ate mesmo o estado se “curvava” para ela.

A família nesse momento é exatamente a sociedade, e como o homem é o centro dessa sociedade. Os outros membros da família como as “mães-mulheres” e as crianças, simplesmente ficam despercebidas nesse contexto histórico, claro que houve algumas exceções mas que no geral não há notoriedade para esses membros da família.

Afinal estamos tratando de uma sociedade machista e que ate hoje em pleno século XXI sofre resquícios dessa ideologia. Partindo desse pressuposto, é que esse artigo foi sendo idealizado no intuito de compreender como era o comportamento dessas 'criaturas' que sofriam esse regime disciplinar por parte de seu marido-pai, como eram as relações entre-si, havia carinho, o que de fato se passava na cabeça das crianças. É fato que seria muito, conseguir entender todas essa realidade mas, espero trazer algumas informações que ficaram 'maquiadas' ao longo do tempo.



Crianças os inocentes adultos em miniatura



“Aquele tempo era o inferno das crianças. Criança não podia dar aparte em conversa de gente grande, era obrigada a ouvir em silencio (…). 'Criança não fala na mesa, isso (…) era repetido sempre. Na minha opinião, criança passava vida pior do que cachorro de guarda (...)”

E está não é a opinião de um só. De fato ser criança era coisa ate mesmo envergonhosa. Não até os seis ou sete anos, quando eram idealizados como “anjinhos”, mas depois disso, quando delas só se esperava que virassem adultos. James Fletcher, missionário norte-americano, descreveu o menino de elite como um “homenzinho do mundo”, que raramente sorri, vestido de sobrecasaca e pavoneando sua notabilidade.“Ele é como um 'velho novo homem' antes de chegar aos doze anos de idade, tendo seu rijo chapéu de seda preta,colarinho ereto; e na cidade anda como se todos estivessem olhando, e como se estivesse envolto em espartilhos. (...) No colégio além dos 'rudimentos ordinários de educação', ele aprende a ter boa caligrafia”. Gilberto

Freire em seu livro Ordem e Progresso nos relata um pouco desse tratamento com as crianças:

“Até a idade de seis e sete anos eram idealizadas como anjinhos. Daí em diante, eram vistas como sujeitas às influencias satânicas e encorajadas a imitar o comportamento dos adultos, como maneira de reprimir esta ameaça(...). Daí a tendencia de encurtar a infância o mais possível”7



A partir dos doze anos, o menino já não podia vestir roupa de criança (blusa à marinheiro, branca ou vermelha, e calças azuis, por exemplo), passava a usar trajes de homem.

Quanto menina, basta dizer que o maior elogio que recebia era o de ser “uma verdadeira mocinha”. Suas saias, que ate os dez anos davam pelo meio das canelas, passava progressivamente a se encompridar.

Mantendo mais contato intimo com as amas e governantas do que com os pais, as crianças dirigiam-se a estes como “Vossa Mercê”, “Senhor Pai” e “Senhora Mãe”, pedindo-lhes a benção com a cabeça reclinada e as mãos entrelaçadas. Eram adultos em miniaturas. Era costume ter muitos filhos. E era normal que, em cada família, algumas crianças morressem no primeiro ano de vida. Os antibióticos não eram conhecidos e a higiene era precária,mesmo entre as famílias ricas. O leite de vaca transmitia tuberculose; as carnes, verminoses mortais; água, febre tifoide. Para exorcizar o fantasma da morte, centenas de remédios, benzimentos e porções eram ministrados as crianças.

A palmatória era o terror da meninada. Especialmente nas sabatinas de tabuada, quando “os bolos” eram distribuídos a granel. Bolos, varadas puxões de orelha ou outros castigos como passar a aula inteira de pé na frente da classe com um livro aberto na mão. Isto quando a criança não era obrigada a escrever centenas de vezes, devido a um gaguejo ou a uma falha da memória, “ devo decorar minhas lições ate ser capaz de repeti-las corretamente”. E a maior parte do tempo passado na escola era gasto em repetições em voz alta o principal “método” de ensino.

Procurei nesse artigo assimilar a forma em que a sociedade patriarcal tratava as suas crianças percebendo que, conforme Foucault em Vigiar e Punir havia um adestramento das crianças, aonde a criança não podia viver as suas etapas de vida, elas eram interrompidas e moldadas conforme a sociedade as empunham, de forma que para quem detinham o poder era muito mais conveniente para que nada saísse de seu controle.

7 comentários:

Ana Cláudia disse...

Ainda bem que esse tempo já acabou. Hoje muito pode se dizer que as nossas crianças são mais respeitadas, e muitas delas tem infância. Embora não podemos esquecer que existem muitas crianças exploradas nesse Basil, isso engloba fatores sociais econômicos....se formos enumerar fica difícil.
Gostei muito . È sempre bom nos atentarmos para os direitos pertinentes as crianças de um modo geral.

Armando história VII disse...

Este artigo faz uma relação com a " violência". Violência esta que parte deste a agressão fisica até a verbal, oprimindo e até subjulgando em uma época bastante conservadora e que até os nosso tempos atuais se preserva em algumas familias. Execlente!

Osminda-História VII disse...

Juliana:
O comentário é para o livro de Anibal Ponce sobre a Educação:
O assunto tratado no livro é a educação ao longo da história, muita coisa mudou, muita coisa precisa ainda ser mudada principalmente o que se refere a educação no Brasil, já se viu que copiar formulas adotadas em outros países não funciona, o que tá faltando para uma grande reviravolta é que a Educação seja levada á serio e não servir de alavanca para promoção de políticos inescrupulosos que preferem não enxergar a triste realidade.
obs: não consegui colocar o comentário no devido lugar ,OK?

Dourado Historia VII disse...

COLEGAS, EM TEMPOS QUE QUALQUER PALMADINHA ESTA TERMINATEMENTE PROIBIDA,vemos como as coisas evoluiram,mas ha muita coisa a faz pelas nossas crianças.Muito bom o seu texto

Milena Correia disse...

A vida das crianças não era nada fácil. Ao passar da fase de criança para adulto aos sete anos acredito que era um impacto muito forte para esses pequeninos. Eles não tinha voz nem vez nesse mundo.
Hoje as coisas estão mudando, a lei brasileira proíbe que os pais dêem um simples tapa nas crianças. Eu sou contra essa lei, penso que primeiro deve-se educar os pais antes de impor uma lei. Dando muita liberdade para essas crianças que hoje não respeitam mais os pais nem ninguém.

Elane Carvalho disse...

HOJE VIVEMOS EM OUTRA REALIDADE,ESTA NA CONTITUIÇÃO OS DIREITOS DAS CRIANÇAS, PORÉM, EXISTEM CASOS DE MAUS TRTOS E DESRESPEITO A CRIANÇAS.

Armando história VII disse...

O respeito as crianças deve existir , porém , tem que saber administrar o crescimento das crianças. parabéns.