sexta-feira, 30 de julho de 2010

Resenha do livro Uma Introdução à História!

Ciro Flamarion S. Cardoso em “Uma Introdução à História”. Juliana Nascimento Santana



O primeiro capítulo traz uma pergunta bastante problematizadora e ao mesmo tempo reflexiva. Será a História uma ciência? Para Collin Patterson a história não pode ser totalmente científica, Patterson nega a existência da cientificidade baseada em fato. Pois para ele o historiador somente é um intérprete do passado. Analisando através de sua visão neopositivista.

A questão perpassa por vários outros pensadores sendo contrário ou não, como Marx e Engels que se opondo a Patterson, define que há cientificidade através da busca de fatos repetitivos e invariáveis. E de acordo com Ciro Flamarion, a ciência esta inserida no conhecimento e na forma de adquirir esse conhecimento, é o que realmente importa.

O peso da palavra “cientifico” é tão forte que sempre que fora empregado em qualquer tipo de trabalho, pesquisa, projeto ou outros, dá margem à pensar em uma confirmação de algo verdadeiro. Sendo essa a principal característica de um conhecimento cientifico. Em um filme brasileiro Narradores de Javé traz essa mesma temática, onde moradores precisam de uma comprovação cientifica da existência da cidade como tentativa do impedimento da despropriação dos habitantes daquele vilarejo

Mas nem sempre é só no conhecimento cientifico que verifica a veracidade, podendo obter esse resultado também nos critérios subjetivos, dogmáticos, intuitivos, ou pragmáticos.

A história, em sua terminologia e significado é bastante complexa, nesse capítulo o autor tenta compreender o grau de complexidade desse assunto, tratando a história como disciplina e prática social.

A história como disciplina é como um fichário, que possui varias divisórias e que em cada divisória há fichas preeenchidas de vários itens, assim uso essa analogia para compreender com há um campo vasto para a disciplina de história.

Outro ponto relevante é que para a historia não há só um significado, isso vai depender de que contexto social em que esse questionamento foi levantado, de modo que não há uma definição, é relativo. Uns pensam em história como a matéria dos estudos dos acontecimentos passados, outros como o estudo da humanidade, e assim vão sendo levantadas diferentes e inúmeras respostas a depender de quem e quando os responde.

Em seguida, o autor traz que história como disciplina sofre uma evolução a partir do século XVI, assim desenvolvendo uma preocupação de apenas aceitar fatos e textos como verdadeiros a partir de um detalhado averiguamento. Sendo que no seculo XVII essa evolução cresce mais no campo da teoria e concepções da história. No seculo XX a mudança acontece em três âmbitos, desenvolvendo técnicas filosóficas e arqueológicas de fontes históricas surgindo também publicações, surge escolas históricas europeias e o Materialismo Histórico de Marx e Engels constrói a primeira Teoria coerente das sociedades Humanas.

No perfil dos historiadores do seculo XX predominou a pesquisa erudita, as correntes filosóficas do Positivismo e Historicismo influenciou um progresso as técnicas mais um retrocesso quanto a construção histórica.

A concepção de historia como ciência, com base no neo-kantianismo, tinha como oposição a natural e a cultural. Os fatos não eram reais, apenas eram objetos do pensamento do historiador.

Outro ponto relevante que é mencionado na obra é o método cientifico em história, o autor busca a natureza do conhecimento histórico, dizendo que para March Block as fontes são testemunhas sendo de fundamental importância para o conhecimento.

Para realizar atividade de heurística é preciso passar primeiro por três passos prévios: 1) ordenar e classificar os dados já disponíveis;

2) a partir disto e de conhecimentos de tipo teórico e metodológico, bem como da leitura de obras precedentes que indiquem o “estado da arte” na disciplina que se pratica

decidir que elementos ou fatores serão incluídos nas hipóteses;

3) sondar (e usar seletivamente no raciocínio) a documentação disponível a ser utilizada posteriormente para a comprovação ou inviabilização das hipóteses.

Outro assunto bastante interessante e apontado pelo autor é quanto a realização de um projeto de pesquisa. A estrutura de um projeto completo de pesquisa é a seguinte:

o tema da pesquisa (formulação, delimitação, problema específico a resolver quanto ao tema no decorrer da pesquisa; justificativa segundo os critérios habituais: relevância; originalidade: a demonstração de cumprir-se este item na pesquisa normalmente exigirá uma exposição do que já foi feito acerca do tema, ou de temas próximos, no contexto da disciplina em que a pesquisa se desenvolve, ou de disciplinas diferentes mas pertinentes ao tema

2. Objetivos (redação extremamente breve do que se pretende obter, nos diversos níveis que forem pertinentes, da realização da pesquisa em questão, devendo tal exposição ser inteligível mesmo para pessoas não especializadas na disciplina em cujo contexto se formula e realiza a pesquisa);

3. Quadro teórico e hipóteses de trabalho (quanto ao quadro teórico, o erro mais frequente é formulá-lo em forma genérica ou abstrata demais, quando o que interessa é que esteja adequado ao recorte temático a ser investigado; quanto à formulação das hipóteses, ver o que já foi exposto a respeito: note-se que não basta enunciar as hipóteses heurísticas do projeto, é preciso também justificá-las uma a uma em texto argumentativo).

4. Fontes e metodologia da pesquisa [incluindo, na metodologia, tanto o nível mais amplo dos métodos quanto a especificação das técnicas] (as fontes primárias e secundárias dependem, para sua seleção, da natureza e dos conteúdos das hipóteses que serão testadas, e os métodos e técnicas estarão condicionados pela natureza das fontes e pelo que for possível fazer com elas; outrossim, a metodologia implicará pelo menos dois aspectos lógicos, cada um com seus próprios problemas a solucionar: a coleta de dados a partir da documentação,implicando, por exemplo, a elaboração de fichas bibliográficas e fichas de leitura ou de conteúdo; e o processamento desses dados previamente à sua utilização na síntese final: neste ponto, se houver tempo, será pertinente discutir os procedimentos mediante os quais, nas disciplinas humanas e sociais, se tenta suprir o que seria o experimento, isto é, o assim chamado método comparativo e a construção de modelos podendo estes últimos ser isomórficos, arbitrários ou contrafactuais).