sexta-feira, 8 de outubro de 2010

ANÁLISE DO PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DO CONCEITO DE BELEZA NO BRASIL

Ao longo de seu processo evolutivo, a civilização cada vez mais, busca o aperfeiçoamento. Dessa forma o homem vem transformando e crescendo em todos os campos, seja, econômico, político, religioso, estrutural, cientifico e comportamental , o que se resume em alterações de todas as formas. Nesse contexto, a beleza tambem passou por distintos momentos, ocasionando divergências de conceitos referente a definição do “ser belo”.

Etimologicamente a palavra beleza se origina do latim vulgar bellitia, pelo provençal belleza ou pelo italiano bellezza, que tem como significado a combinação de qualidades que impressionam agradavelmente a visão ou outros sentidos.

A psicóloga Elci Marilia dos Santos Girardi ressalta em seu artigo Ética e Estética – Quando o belo pode se tornar imoral que “Kant, na obra A Crítica do Juízo(1790) trata do problema de como os julgamentos estéticos podem ser subjetivos e ao mesmo tempo pretender alcançar alguma espécie de concordância com os julgamentos alheios”. Portanto a beleza se torna algo inalcançavel e insaciável ,sempre como o ideal como o imaginário, não comprendendo que a satisfação deve partir do interior para o exterior, a inquietação ou a satisfação do individuo é algo relativo, é impossivel precisar o que é ser belo.

Em relação ao Brasil, considerado hoje o país de mulheres e homens com corpos perfeitos, e está entre os paises de maior ascensão ao cuidado a estética corporal, podemos remeter que o estereótipo que temos como modelo hoje foge da realidade do período de “surgimento” do Brasil. No sec XVI o Brasil era uma colônia de Portugal, permitindo assim o firmamento do ideal de beleza europeu no Brasil, que tinha como modelo o volume, o avantajado, mulheres mais “fartas”, sendo isso resquícios do pensamento da igreja, que no intuito da procriação, define que a mulher com mais curvas tinha uma probabilidade maior para engravidar. Permanecendo essa ideologia em todo o período de colonização até a sociedade patriarcal.

À luz de um novo tempo marcado por um processo profundo de rupturas e construções, a segunda metade do século XVIII configurou-se como um período de renascimento nas áreas do conhecimento, na estruturação social, econômica, política e cultural, o qual se estendeu por todo o século XIX. O palco desses acontecimentos que impactaram diretamente sobre o mundo todo foi a Europa, mais precisamente a França e a Inglaterra, espaços onde desencadearam os fatos da dupla revolução: a Francesa e a Industrial.

Esses episódios representaram a conformação de um momento histórico caracterizado não apenas pelas transformações industriais más pelo despertar da consciência política das massas populares e principalmente na perspectiva feminista que foi o período de eclosão, o “grito feminino”, alterando mais uma vez o conceito de beleza partindo do ideal materno, para a mulher operária, a mulher que trabalha, surgindo assim uma nova questão a competição entre homem x mulher e mulher x mulher, o que tornou mais agressivo a busca pelo belo.

Todo esse percurso histórico deixa bastante clara a ênfase que vem sendo dada, cada vez mais, às práticas de culto ao corpo, bem como às técnicas de aperfeiçoamento da imagem corporal. As interferências, transformações e todos os métodos de disciplinização do corpo, acompanhados da moralização da beleza, buscam esse caráter de permanência do belo corporal.1

O capitalismo eclodindo na sociedade brasileira, ocorrendo uma facilidade no mercado consumidor, apelando cada vez mais através dos veiculos de comunicação no ideal de perfeição.De acordo com Novaes e Vilhena,



“A moralização do corpo feminino, como aponta Baudrillard em seu livro A sociedade de consumo, nos leva a encarar a ditadura da beleza, da magreza e da saúde como se fosse algo da ordem de uma escolha pessoal. Deixam-se de lado todos os mecanismos de regulação social presentes em nossa sociedade, que transformam o corpo, cada vez mais, em uma prisão ou em um inimigo a ser constantemente domado.”2

Observe que ao longo do tempo, a visão eurocêntrica prevalece. Permanecendo até hoje, porém o corpo brasileiro é diferente do europeu, tanto o feminino como o masculino, provenientes de miscigenação, resultando em aspectos distintos. Todavia, as inovações cientificas foram e serão capazes de superar essas “imperfeições corporais” com objetivo de chegar a uma perfeição. Por isso é necessario ressaltar até que preço pagaremos pela busca da perfeição e se isso realmente for uma consequencia capitalista, o que fazer para o não existencialismo acera do estereótipo e sim a elevação de outros valores que deixaram de existir ao longo desse processo.
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS




GIRARDI.Elci Marilia dos Santos.Ética e Estética – Quando o belo pode se tornar imoral;<>

Novaes. Joana V.,Vilhena . Junia de,. Dormindo com o inimigo. Mulher, feiúra e a busca do corpo perfeito.<< http://www.comciencia.br/comciencia/?section=8&edicao=15&id= >>14407/09/2010 às 21:36

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Resenha do livro Educação e luta de classes!

PONCE, Aníbal, 1898-1938. Educação e Luta de Classes/ Aníbal Ponce,


tradução de José Severo de Camargo Pereira – 20. ed. – São Paulo : Cortez, 2003.



O livro trata de toda a história da educação, desde as sociedades primitivas, até as tendências educacionais contemporâneas. O autor Aníbal Ponce coloca que é através do estudo da sociedade dividida em classes que encontramos a principal característica da educação: a popularização.

“O autor fala da Educação nas comunidades primitivas onde a luta das classes menos favorecidas já era muito grande. Mesmo não sendo confiada, o que era ensinado eram coisas necessárias para a vida (Coletividade pequena. O que era produzido em comum era repartido com todos). Nas sociedades primitivas o processo educativo é informal, visando à sobrevivência do individuo e da tribo. O homem difere dos demais primatas pela capacidade de criar e conservar e ainda transmitir sua cultura. Pode-se compreender que esta cultura é um sistema mais ou menos integrado de padrões de comportamentos, característicos de determinada sociedade. A criança nasce dentro de uma cultura e essa por sua vez, define a maneira da criança perceber o meio ambiente e a ele responder.”



Nas comunidades primitivas não havia escolas, pois a educação se dava coletivamente no dia-a-dia, na observação dos adultos. O aprendizado se dava de acordo com as necessidades de sobrevivência, caça, pesca, pastoreio, agricultura, religiosa e etc



“Assim o processo educativo torna-se meio de perpetuar padrões culturais que são âncoras de segurança que o grupo possa dar ao indivíduo. Podemos então concluir que a luta começou lá, nos primitivos, onde havia guerreiros. Para Ponce , numa sociedade dividida em classes todas têm seus costumes particulares, mas,contemporaneamente, recente-se do processo e aculturação por parte dos dominantes.”

Mesmo nessas sociedades já havia as classes, mas para Ponce a luta de classes não se dá assim que esta se originam, leva-se um tempo para que as classes se reconheçam e assim comece a luta entre elas. Esse reconhecimento do papel que tem na sociedade, assim como modo de produção exige um extenso período em que as contradições de classes se mostram mais forte. Aníbal faz ressalva à diferença que existe entre classes em si e para si.

Classe em si é o papel que uma classe está definida no modo de produção. Classe para si é quando os que estão inseridos nesta classe tem consciência do seu papel no modo e produção vigente.

Analisando o contexto social na Grécia antiga, percebe-se que as classes dominantes devido o “ócio” pode ter mais rapidamente a consciência da luta de classes e soube aproveitar-se disso.

A nobreza adaptou a educação de acordo com seus interesses, o autor cita três propósitos a da classe dominante em diversas sociedades para oprimir a classe dominada, são estes: destruição dos vestígios dessas classes, engrandecimento de sua posição como dominante, prevenção em caso de rebelião.

“Na educação grega a homossexualidade e a pedofilia forma problemas muito presentes e esses aspectos faziam com que os filósofos entrassem em conflito com toda a sociedade. Entende-se que a justificativa da sociedade divida em classes está no auxilio que nós homens precisamos. Na moral ou no material, seja qual for nossa necessidade, origina-se a divisão do trabalho e, por consequência a distinção em classes. Essa divisão representa um desenvolvimento social e uma sistematização estável da divisão do trabalho no âmbito de um estado ou da educação que aqui vem ao caso. “



A educação na Grécia era voltada principalmente para a nobreza que se ausentava do trabalho, deixando o comércio, agricultura, trabalhos manuais, entre outros, a cargo dos escravos e estrangeiros. A educação dos escravos buscava a manutenção dos ideais da elite, sendo que, a desigualdade da educação era endossada pelo argumento da elite da 'natureza das coisas' e que por isso o escravo deveria aceitar sua posição como classe dominante.

Luta de classes trata de uma síntese da História da Educação, embora não seja superficial, trata dos progressos, vantagem,reflexões expostas ordenadas em teses de filósofos e outros pensadores. Porém, A Luta de Classes ainda continua nessa sociedade mais arcaica que moderna, agimos como primitivos numa sociedade de internautas. E a educação o que ela é nessa luta, uma arma de união ou de separação? Entretanto, é de fundamental importância levar em conta as relações entre educação e política, cuja descrição esboça conceitualmente sua existência na própria historia. Trata de uma compreensão da cada etapa da evolução humana e da educação como meio de desenvolvimento. Sua importância política e sua função de socialização do conhecimento, embora seja o reflexo da sociedade, reproduzindo a discriminação social, a educação tem um importante lugar no pódio de evolução humana.

Resenha do livro Uma Introdução à História!

Ciro Flamarion S. Cardoso em “Uma Introdução à História”. Juliana Nascimento Santana



O primeiro capítulo traz uma pergunta bastante problematizadora e ao mesmo tempo reflexiva. Será a História uma ciência? Para Collin Patterson a história não pode ser totalmente científica, Patterson nega a existência da cientificidade baseada em fato. Pois para ele o historiador somente é um intérprete do passado. Analisando através de sua visão neopositivista.

A questão perpassa por vários outros pensadores sendo contrário ou não, como Marx e Engels que se opondo a Patterson, define que há cientificidade através da busca de fatos repetitivos e invariáveis. E de acordo com Ciro Flamarion, a ciência esta inserida no conhecimento e na forma de adquirir esse conhecimento, é o que realmente importa.

O peso da palavra “cientifico” é tão forte que sempre que fora empregado em qualquer tipo de trabalho, pesquisa, projeto ou outros, dá margem à pensar em uma confirmação de algo verdadeiro. Sendo essa a principal característica de um conhecimento cientifico. Em um filme brasileiro Narradores de Javé traz essa mesma temática, onde moradores precisam de uma comprovação cientifica da existência da cidade como tentativa do impedimento da despropriação dos habitantes daquele vilarejo

Mas nem sempre é só no conhecimento cientifico que verifica a veracidade, podendo obter esse resultado também nos critérios subjetivos, dogmáticos, intuitivos, ou pragmáticos.

A história, em sua terminologia e significado é bastante complexa, nesse capítulo o autor tenta compreender o grau de complexidade desse assunto, tratando a história como disciplina e prática social.

A história como disciplina é como um fichário, que possui varias divisórias e que em cada divisória há fichas preeenchidas de vários itens, assim uso essa analogia para compreender com há um campo vasto para a disciplina de história.

Outro ponto relevante é que para a historia não há só um significado, isso vai depender de que contexto social em que esse questionamento foi levantado, de modo que não há uma definição, é relativo. Uns pensam em história como a matéria dos estudos dos acontecimentos passados, outros como o estudo da humanidade, e assim vão sendo levantadas diferentes e inúmeras respostas a depender de quem e quando os responde.

Em seguida, o autor traz que história como disciplina sofre uma evolução a partir do século XVI, assim desenvolvendo uma preocupação de apenas aceitar fatos e textos como verdadeiros a partir de um detalhado averiguamento. Sendo que no seculo XVII essa evolução cresce mais no campo da teoria e concepções da história. No seculo XX a mudança acontece em três âmbitos, desenvolvendo técnicas filosóficas e arqueológicas de fontes históricas surgindo também publicações, surge escolas históricas europeias e o Materialismo Histórico de Marx e Engels constrói a primeira Teoria coerente das sociedades Humanas.

No perfil dos historiadores do seculo XX predominou a pesquisa erudita, as correntes filosóficas do Positivismo e Historicismo influenciou um progresso as técnicas mais um retrocesso quanto a construção histórica.

A concepção de historia como ciência, com base no neo-kantianismo, tinha como oposição a natural e a cultural. Os fatos não eram reais, apenas eram objetos do pensamento do historiador.

Outro ponto relevante que é mencionado na obra é o método cientifico em história, o autor busca a natureza do conhecimento histórico, dizendo que para March Block as fontes são testemunhas sendo de fundamental importância para o conhecimento.

Para realizar atividade de heurística é preciso passar primeiro por três passos prévios: 1) ordenar e classificar os dados já disponíveis;

2) a partir disto e de conhecimentos de tipo teórico e metodológico, bem como da leitura de obras precedentes que indiquem o “estado da arte” na disciplina que se pratica

decidir que elementos ou fatores serão incluídos nas hipóteses;

3) sondar (e usar seletivamente no raciocínio) a documentação disponível a ser utilizada posteriormente para a comprovação ou inviabilização das hipóteses.

Outro assunto bastante interessante e apontado pelo autor é quanto a realização de um projeto de pesquisa. A estrutura de um projeto completo de pesquisa é a seguinte:

o tema da pesquisa (formulação, delimitação, problema específico a resolver quanto ao tema no decorrer da pesquisa; justificativa segundo os critérios habituais: relevância; originalidade: a demonstração de cumprir-se este item na pesquisa normalmente exigirá uma exposição do que já foi feito acerca do tema, ou de temas próximos, no contexto da disciplina em que a pesquisa se desenvolve, ou de disciplinas diferentes mas pertinentes ao tema

2. Objetivos (redação extremamente breve do que se pretende obter, nos diversos níveis que forem pertinentes, da realização da pesquisa em questão, devendo tal exposição ser inteligível mesmo para pessoas não especializadas na disciplina em cujo contexto se formula e realiza a pesquisa);

3. Quadro teórico e hipóteses de trabalho (quanto ao quadro teórico, o erro mais frequente é formulá-lo em forma genérica ou abstrata demais, quando o que interessa é que esteja adequado ao recorte temático a ser investigado; quanto à formulação das hipóteses, ver o que já foi exposto a respeito: note-se que não basta enunciar as hipóteses heurísticas do projeto, é preciso também justificá-las uma a uma em texto argumentativo).

4. Fontes e metodologia da pesquisa [incluindo, na metodologia, tanto o nível mais amplo dos métodos quanto a especificação das técnicas] (as fontes primárias e secundárias dependem, para sua seleção, da natureza e dos conteúdos das hipóteses que serão testadas, e os métodos e técnicas estarão condicionados pela natureza das fontes e pelo que for possível fazer com elas; outrossim, a metodologia implicará pelo menos dois aspectos lógicos, cada um com seus próprios problemas a solucionar: a coleta de dados a partir da documentação,implicando, por exemplo, a elaboração de fichas bibliográficas e fichas de leitura ou de conteúdo; e o processamento desses dados previamente à sua utilização na síntese final: neste ponto, se houver tempo, será pertinente discutir os procedimentos mediante os quais, nas disciplinas humanas e sociais, se tenta suprir o que seria o experimento, isto é, o assim chamado método comparativo e a construção de modelos podendo estes últimos ser isomórficos, arbitrários ou contrafactuais).

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Resenha: Pro dia nascer feliz!

Bom gente hoje vou trazer para vocês a resenha de um documentário muito interessante ! Confiram!

Resenha: Pro dia nascer feliz!


JARDIM, João. Pro dia nascer feliz. Filme documentário Produção TAMBELLINI filme, SV Brasil, 2005, 87 minutos, color, 35 mm.

Nascido em 1964, no Rio de Janeiro, João Henrique Jardim formou-se em jornalismo pela Faculdade da Cidade e estudou cinema na Universidade de Nova Iorque. Na TV Globo,integrou o núcleo do diretor Carlos Manga, atuando como diretor da minissérie Engraçadinha e editor de Memorial de Maria Moura e Agosto. Ainda para a TV, dirigiu os documentários Free Tibet e Terra Brasil - este último premiado no festival de Televisão de Nova Iorque e editou João e Antônio, de Walter Salles, 1930, Tempo de Revolução, de Eduardo Escorel, e a série Caetano, 50 anos, do diretor da Videofilmes em parceria com a equipe da Conspiração. Como assistente de direção, trabalhou nos longas Faca de Dois Gumes, de Murilo Salles, Dias Melhores Virão, de Cacá Diegues, e Moon Over Parador, de Paul Mazursky. Na área da publicidade, dirigiu comerciais para alguns dos principais anunciantes do País. No final de 2006, co-dirigiu o especial de fim de ano Por Toda Minha Vida, sobre a cantora Elis Regina, exibido na TV Globo. (Jornal do Povo, 11.05. 2005)

O documentário tem como característica relacionar os conflitos existentes no âmbito educacional independente da classe financeira, pontuando diferenças e semelhanças. Mostrando as desigualdades sociais, as diferentes violências que professores e alunos são expostos na estrutura “escola”, através de relatos de alunos e professores de classes sociais distintas, em três estados brasileiros, que relataram seus anseios e expectativas. Algo bem interessante é quanto a situação em que se encontram as escolas brasileiras, a sua estrutura, incapaz de oferecer as necessidades básicas da educação, considerando que isso reflete muito na questão de evasão do aluno, nas atividades do professor dentro e fora de sala, principalmente no controle de suas aulas o que provoca descomprometimento do aluno e professor, a falta de respeito entre os mesmo, ocasionando esses desencontros na educação.

Certamente há choques de realidades. Na periferia faltam água, transporte, professores e interesse, mas também no campo mais sofisticado há inquietações existenciais, alta competitividade, pressão dos pais, reflexões sobre diferença social. Todos nós, sejamos pobres ou ricos, estamos à mercê das mazelas sociais provenientes dos nossos próprios atos, e o principal deles de nos calarmos diante dos fatos e aceitá-los ou mesmo sermos indiferentes frente a eles. Um longa de fácil compreensão já que se passa no âmbito específico da relação com a escola.

O filme é bastante coeso, contribui muito para aguçar a criticidade em relação a educação atual do Brasil, evidenciando a ação do professor, como algo extremamente importante que no seu papel de mediador, contribuirá muito com o futuro do aluno, se assim o permitir. Essa contribuição poderá ser aplicada de várias formas através da interdisciplinariedade ou a transposição didática, uma vez que esse aluno esteja inserido juntamente com o seu contexto de vida para uma maior envolvimento entre as partes. Uma boa opção para os professores assistirem durante os planos de curso ou jornada pedagógica realizando reflexões. Um tema que só deixará de ser atual a partir do momento que houver transformação na sociedade educacional.

A SOCIEDADE PATRIARCAL: CRIANÇAS OS INOCENTES ADULTOS EM MINIATURA 1900-1910

Bom esse artigo é de minha autoria e tem como temática as crianças no período de 1900 a 1910 e como eos adultos os tratavam. vale a pena conferir!

A SOCIEDADE PATRIARCAL: CRIANÇAS OS INOCENTES ADULTOS EM MINIATURA 1900-1910¹

 
O modelo de Sociedade Patriarcal



“O retrato não me responde ele me fita e se contempla nos meus olhos empoeirados. E no cristal se multiplicam os parentes mortos vivos. Já não distinguo os que se foram dos que restaram. Percebo apenas a estranha ideia de família viajando através da carne”.³

Nesse momento a família brasileira, classificada como patriarcal,ou seja, uma família bem numerosa composta por mulheres, filhos, parentes, amigos, afilhados e até mesmo ex-escravos, mas que ainda nesse momento obedeciam ao patriarca, 'o chefe da família'.Para demonstrar essa relação de senhorio, Aroldo de Azevedo refere-se ao fazendeiro Ignácio Cochrane.Era o patriarca de um grupo de famílias.(...)Era o pai, o sogro, o avô;mas antes de tudo,o Amigo e o Conselheiro. Jamais alguem ousou desrespeitá-lo no lar ou fora dele.(...)Encarnava a sabedoria e ninguém dele se aproximava sem que, de imediato, se sentisse envolvido pela confiança que irradiava de sua marcante personalidade.”4

O patriarca tem suas características bem marcantes ao longo da história, por possui esse perfil de chefe e de detentor de poder ele consegue construir uma organização familiar tão sólida que ate mesmo o estado se “curvava” para ela.

A família nesse momento é exatamente a sociedade, e como o homem é o centro dessa sociedade. Os outros membros da família como as “mães-mulheres” e as crianças, simplesmente ficam despercebidas nesse contexto histórico, claro que houve algumas exceções mas que no geral não há notoriedade para esses membros da família.

Afinal estamos tratando de uma sociedade machista e que ate hoje em pleno século XXI sofre resquícios dessa ideologia. Partindo desse pressuposto, é que esse artigo foi sendo idealizado no intuito de compreender como era o comportamento dessas 'criaturas' que sofriam esse regime disciplinar por parte de seu marido-pai, como eram as relações entre-si, havia carinho, o que de fato se passava na cabeça das crianças. É fato que seria muito, conseguir entender todas essa realidade mas, espero trazer algumas informações que ficaram 'maquiadas' ao longo do tempo.



Crianças os inocentes adultos em miniatura



“Aquele tempo era o inferno das crianças. Criança não podia dar aparte em conversa de gente grande, era obrigada a ouvir em silencio (…). 'Criança não fala na mesa, isso (…) era repetido sempre. Na minha opinião, criança passava vida pior do que cachorro de guarda (...)”

E está não é a opinião de um só. De fato ser criança era coisa ate mesmo envergonhosa. Não até os seis ou sete anos, quando eram idealizados como “anjinhos”, mas depois disso, quando delas só se esperava que virassem adultos. James Fletcher, missionário norte-americano, descreveu o menino de elite como um “homenzinho do mundo”, que raramente sorri, vestido de sobrecasaca e pavoneando sua notabilidade.“Ele é como um 'velho novo homem' antes de chegar aos doze anos de idade, tendo seu rijo chapéu de seda preta,colarinho ereto; e na cidade anda como se todos estivessem olhando, e como se estivesse envolto em espartilhos. (...) No colégio além dos 'rudimentos ordinários de educação', ele aprende a ter boa caligrafia”. Gilberto

Freire em seu livro Ordem e Progresso nos relata um pouco desse tratamento com as crianças:

“Até a idade de seis e sete anos eram idealizadas como anjinhos. Daí em diante, eram vistas como sujeitas às influencias satânicas e encorajadas a imitar o comportamento dos adultos, como maneira de reprimir esta ameaça(...). Daí a tendencia de encurtar a infância o mais possível”7



A partir dos doze anos, o menino já não podia vestir roupa de criança (blusa à marinheiro, branca ou vermelha, e calças azuis, por exemplo), passava a usar trajes de homem.

Quanto menina, basta dizer que o maior elogio que recebia era o de ser “uma verdadeira mocinha”. Suas saias, que ate os dez anos davam pelo meio das canelas, passava progressivamente a se encompridar.

Mantendo mais contato intimo com as amas e governantas do que com os pais, as crianças dirigiam-se a estes como “Vossa Mercê”, “Senhor Pai” e “Senhora Mãe”, pedindo-lhes a benção com a cabeça reclinada e as mãos entrelaçadas. Eram adultos em miniaturas. Era costume ter muitos filhos. E era normal que, em cada família, algumas crianças morressem no primeiro ano de vida. Os antibióticos não eram conhecidos e a higiene era precária,mesmo entre as famílias ricas. O leite de vaca transmitia tuberculose; as carnes, verminoses mortais; água, febre tifoide. Para exorcizar o fantasma da morte, centenas de remédios, benzimentos e porções eram ministrados as crianças.

A palmatória era o terror da meninada. Especialmente nas sabatinas de tabuada, quando “os bolos” eram distribuídos a granel. Bolos, varadas puxões de orelha ou outros castigos como passar a aula inteira de pé na frente da classe com um livro aberto na mão. Isto quando a criança não era obrigada a escrever centenas de vezes, devido a um gaguejo ou a uma falha da memória, “ devo decorar minhas lições ate ser capaz de repeti-las corretamente”. E a maior parte do tempo passado na escola era gasto em repetições em voz alta o principal “método” de ensino.

Procurei nesse artigo assimilar a forma em que a sociedade patriarcal tratava as suas crianças percebendo que, conforme Foucault em Vigiar e Punir havia um adestramento das crianças, aonde a criança não podia viver as suas etapas de vida, elas eram interrompidas e moldadas conforme a sociedade as empunham, de forma que para quem detinham o poder era muito mais conveniente para que nada saísse de seu controle.

segunda-feira, 7 de junho de 2010